A visão de Jesus para a nossa sexualidade
Eu vou falar para vocês hoje através da perspectiva de alguém que já esteve completamente envolvida na teoria queer e na teologia gay. Lembrando que eu frequentei o seminário e consegui o meu Mestrado em Teologia 20 anos atrás sendo abertamente lésbica.
Embora hoje eu esteja aqui com uma perspectiva completamente diferente, o que eu estou compartilhando com você é o resultado de anos de luta: questionando Deus; me humilhando diante dEle e buscando a verdade. A mudança radical de perspectiva que eu vivi desde quando me identifiquei como lésbica tem sido, por vezes, dolorosa e humilhante – ninguém muda o pensamento LGBT facilmente. Eu tive que realmente me render enquanto o Senhor me corrigia.
A minha experiência do amor de Deus me obriga a buscar abrir um novo caminho para pessoas com experiência LGBT, um caminho que não seja limitado pelas narrativas culturais predominantes e que permite uma libertação total das restrições dessa identidade.
Como você pode imaginar, eu tenho muitas conversas sobre ética sexual, particularmente aquelas relacionadas à experiência LGBT. A postura bíblica sobre sexualidade pode parecer óbvia para alguns, mas, na realidade, tem muitos desvios que incomodam as pessoas. Por exemplo, se o contexto histórico que proíbe a prática homossexual é relevante para nós hoje. Algumas vezes as pessoas adicionam perguntas sobre poligamia, o tratamento para com a mulher ou até a escravidão para fazer valer o seu ponto de vista. E assim, eu senti a necessidade de dar uma olhada mais ampla na Bíblia para entender as preocupações morais em questão. Fazer isso traz muito mais clareza.
Então me permita estabelecer algumas bases…
Recentemente eu assisti uma conversa bem interessante no Youtube, entre Sean McDowel e o sociólogo George Yancey, perguntando se o Cristianismo Progressista e o Cristianismo Conservador não eram apenas expressões diferentes de fé, mas diferentes religiões. A conclusão provocativa deles foi “sim”. Existe uma religião inteiramente nova emergindo do Cristianismo, assim como o Budismo emergiu do Hinduísmo – uma divergência baseada na crença sobre o propósito primário e o sentido da vida. Essa nova fé pseudo-Cristã está se afastando da primazia de Jesus e da função da Bíblia. A sua fundação moral é baseada na justiça social.
Muitas das conversas que eu tenho sobre a questão LGBT giram em torno de como alguém interpreta as Escrituras e até que ponto podemos “torcê-la” para o nosso uso moderno. E então, até que ponto uma pessoa que tem experiências LGBT pode abraçar essa visão de mundo e o Cristianismo. Essas noções são reflexos dessa fratura na fé Cristã. E, em minha opinião, tais debates se afastam cada vez mais de qualquer vínculo à soberania de Deus e o propósito para o qual fomos criados.
Todos nós aqui cremos que a Bíblia transmite uma revelação especial de Deus. Nós vemos que ela explicitamente revela Deus e a Sua intenção em relação à criação. E observamos das Escrituras que fomos criados para conhecer, amar e caminhar com Deus e a Bíblia nos mostra o caminho para fazer isso. Portanto, ela é especial e os seus ensinamentos são sagrados.
A Bíblia descreve um Deus soberano e poderoso, cuja excelência, bondade e beleza transcendem a capacidade humana. Ele é a perfeição moral. Ele inspirou tudo o que é bom e excelente nos relacionamentos humanos.
Jesus veio para revelar Deus para a humanidade. Para corrigir nossas percepções errôneas. Ele fez um caminho para que pudéssemos ver, experimentar e ter comunhão com Deus. O próprio Deus é o dom do evangelho. Seguir Seus caminhos, como a Bíblia descreve, nos possibilita experimentar a fidelidade com Deus. Ele é a nossa herança, isso é, Ele é o presente mais importante para a vida.
Deus é as boas novas do evangelho.
“Tu me farás ver os caminhos da vida, na tua presença há plenitude de alegria, à tua direita há delícias perpetuamente.” Salmos 16:11 - NAA
Ouça, o propósito da vida é conhecer a Deus, amar e caminhar com Ele. Para vê-lo. Existimos para Seu prazer - e nossa experiência de Sua alegria ao longo de nossas vidas nos impacta radicalmente.
PERMITA-ME FALAR ISSO NOVAMENTE, NÓS EXISTIMOS PARA O SEU PRAZER – FOMOS CRIADOS INDIVIDUALMENTE, UNICAMENTE, PRECISAMENTE, PARA LEVAR ALEGRIA A ELE E SERVIR OS SEUS PROPÓSITOS.
O Cristianismo não é simplesmente uma filosofia de vida e devemos ser cuidadosos em minha opinião, pois apontamos as pessoas para serem disciplinadas a fim de que aprendam certos comportamentos, mas sem priorizar o próprio Deus e o propósito e intenção de cada um em Sua vida - e não o contrário, Seu propósito em nossa.
Jesus veio para nos atrair ao esquema divino de comunhão com Deus, no qual há fidelidade de propósito entre nós e Deus. Ele nos trouxe para dentro. Nosso gozo de vida, nossa cura, por exemplo, ou nossa realização, nosso chamado, são todos concedidos para que possamos engrandecê-Lo em nossa comunhão com Ele. Para que possamos glorificá-Lo, ou apontar gloriosamente para Ele. E não o contrário. Acho que por vezes podemos ter invertido isso... como se Ele estivesse servindo nossas necessidades ou fazendo algo para o nosso sucesso.
E veja, em Romanos Paulo deixa claro que se afastar da revelação da centralidade de Deus para a vida é a raiz de boa parte da escuridão do mundo.
Quero sugerir que quanto mais nos afastarmos do conhecimento de Deus e de quão essencial Ele é para nossas vidas, mais caos e desordem experimentaremos. Se nos afastarmos do conhecimento de Deus experimentaremos o caos em todos os níveis, especialmente na identidade humana, como conta Paulo.
Romanos 1:21 (ARA): Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças.
Mas eu também quero dizer que s mover em direção a uma maior revelação de Deus, que só é possível através de Jesus, nos resgatará disso. É importante que todos nos lembremos disso.
O primeiro capítulo de Romanos aponta para o caos espiritual e físico que resulta de nos afastarmos do conhecimento de Deus. Paulo declara que não apenas a vida espiritual, mas também a vida física é impactada quando fazemos isso. Separados de Deus, podemos até mesmo perder de vista os verdadeiros propósitos de nosso corpo quando, de fato, ele deveria nos apontar para Deus e para os Seus caminhos.
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.” (Romanos 1:20-21 ARA)
Nessa passagem, Paulo usa o exemplo do comportamento homossexual não para destacá-lo unicamente como um pecado ruim – embora em seu criticismo ele mostre nas suas cartas acerca do que ele acredita ser um comportamento sexual correto. Ele usa o comportamento homossexual como uma evidência do caos que combina os reinos físico e espiritual quando nos afastamos dos caminhos de Deus. O nosso corpo é, naturalmente, a parte mais pessoal e íntima do nosso mundo. Tanto que devemos ser capazes de interpretar a mão de Deus nele.
Então me permita dizer isso novamente. O conhecimento de Deus é o que é mais necessário para o nosso momento. Para a nossa geração. É a batalha central na qual todos nós estamos engajados.
Eu quero estabelecer uma fundação para ética sexual para todos vocês que depende inteiramente dos ensinamentos de Jesus e da maneira que Ele se baseia na Torah. Isso é importante para mim, para nós, porque Jesus é Deus. Ele é a autoridade máxima. Ele veio trazer claridade a respeito do caráter e da vontade de Deus. Ele tem autoridade maior do que Moisés e Paulo, as pessoas às quais a maioria de nós recorre para orientação sobre o tópico da sexualidade.
Portanto, um grande obstáculo é a vida de caminhada com Jesus de acordo com os Seus padrões éticos. Por que faríamos isso, particularmente se sabemos que Ele nos ama incondicionalmente?
A pergunta central aqui é: o que é o pecado? Por que Deus está tão interessado em como nos comportamos e que diferença isso faz agora que Jesus veio?
Resumindo: Porque, de acordo com os caminhos de Deus, as exigências comportamentais das escrituras revelam Deus. Elas nos permitem conhecer a Deus, ou seja, ver e caminhar com Ele. E este é o caminho específico para a redenção que Paulo articula em Romanos, começando no primeiro capítulo.
Distorcer as exigências comportamentais de Jesus perverte a revelação de Deus.
Moisés disse em Êxodo 33:13: Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos.
Os encontros de Moisés com Deus na montanha levaram à maior revelação de Deus até Jesus. Os evangelhos, particularmente Mateus, fazem fortes conexões entre Jesus e Moisés. A Torah foi a revelação de Deus. Ela estabeleceu a nação, a identidade de Israel. Jesus universaliza a Torah, tornando-a espiritual, ou seja, uma questão do coração. Ele a liberta das restrições da identidade nacional para que o mundo inteiro possa participar dela através dEle.
Os escritores do Antigo Testamento reconheceram que a observância da Lei era o caminho para a comunhão com Deus. Os antigos judeus acreditavam que viver os mandamentos era o caminho para a comunhão e o encontro com Deus. Como faziam, eles estavam física e mentalmente em fidelidade com Ele. Era um encontro caminhando com Ele através de Seus caminhos.
Leia qualquer um dos Provérbios e você observará que a "sabedoria" em sua vida se correlaciona com viver de acordo com os caminhos de Deus. O início da sabedoria, portanto, é o conhecimento de Deus. Afastado do conhecimento de Deus e de Seus caminhos, não se pode ser "sábio".
Ouça o Salmo 119. Na verdade, por favor, leia todo ele hoje mais tarde e note o encontro do escritor e todas as suas emoções que cercam isso. O êxtase e a agonia de desejar a Deus em oração, lembrando que ele está meditando sobre a Lei. Portanto, reconheça a própria vida de Jesus para nós como a Torah aqui mesmo:
“Admiráveis são os teus testemunhos; por isso, a minha alma os observa. A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples. Abro a boca e aspiro, porque anelo os teus mandamentos. Volta-te para mim e tem piedade de mim, segundo costumas fazer aos que amam o teu nome. Firma os meus passos na tua palavra, e não permita que me domine iniquidade alguma. Livra-me da opressão do homem, e guardarei os teus preceitos. Faz resplandecer o rosto sobre o teu servo e ensina-me os teus decretos. Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.” Salmos 119:129-136 ARA
Na Nova Aliança, Jesus descreve a si mesmo como a Torah. Ele é a Palavra viva. A Lei se tornou carne. Sua personalidade e seu caráter ilustram a Torah. E Jesus nos convida a Ele. Os "Caminhos de Deus" ganharam vida em Jesus. Portanto, devemos entender que as exigências comportamentais, como as descritas no Sermão do Monte, não são arbitrárias. Elas descrevem o próprio caráter de Jesus, sua própria bela personalidade e sua visão de como podemos vivenciá-Lo da melhor maneira possível.
"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Mateus 5:17-18 NVI
Assim, ao olharmos para os ensinamentos de Jesus, devemos primeiro compreendê-Lo neles, mas depois também compreender que viver como Ele viveu (refletindo a Torah) é a promessa que Ele nos fez através do Espírito Santo. Foi este milagre de transformação do coração através do Espírito Santo e dos caminhos de Jesus que cativou Paulo e nos dá epístolas como as de Gálatas.
O Sermão do Monte nos apresenta a ética relacional de Jesus. E isto é fundamental para nossa discussão sobre sexualidade.
Recorde a maneira como Jesus respondeu aos líderes, aos leprosos, às prostitutas e até mesmo a Seus discípulos. Ele buscou o bem-estar deles e lançou a visão de uma abordagem mais exigente para uma vida justa do que qualquer um havia pensado antes. Isto nos aponta para o Seu senso de valor para com as pessoas. Para com os relacionamentos.
A profundidade de Seus ensinamentos é uma janela para Sua própria vida interior.
Deixe-me dizer isso novamente. Leia os ensinamentos de Jesus e entenda que a vida pensada de Jesus e a Sua visão do mundo estão sendo reveladas. Através de Seus ensinamentos, podemos começar a compreender a maneira como Ele mesmo viveu e pensou. Por exemplo, Ele modelou a reconciliação a todo custo, Ele viveu uma vida buscando e sendo perseguido por sua paz. Ele escolhe o servir e faz dele uma maneira confiável de liderar. Ele deseja um relacionamento íntimo com os outros às Suas próprias custas. E deixa claro que Ele está ampliando esta visão de mundo sobre Seus discípulos. Ele foi a luz do mundo que Ele declara sobre Seus discípulos em Mateus 5.
ENQUANTO VIVEMOS DE ACORDO COM OS SEUS CAMINHOS, PODEMOS PARTICIPAR DA PRÓPRIA VIDA DE DEUS E ASSIM CUMPRIR O MANDAMENTO DE GÊNESES DE REFLETIR, DE CARREGAR, A SUA IMAGEM.
Caminhar em Seus ensinamentos nos permite assumir um compromisso vitalício com Deus, não apenas um consentimento mental. Por isso, temos comunhão com Ele em unidade de ação e pensamento. Os Apóstolos ensinaram que viver como Jesus viveu era uma evidência da comunhão com Deus.
“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” 1 João 2:3-6 ARA
Eu estou tentando dizer que não podemos experimentar a unidade com Deus seguindo o nosso próprio caminho. Não podemos representar a Deus seguindo o nosso próprio caminho.
Há um aspecto da identidade humana que nos separa de todos os outros seres criados. Ele não pode ser explicado por teorias científicas ou evolutivas. Na Bíblia, ela é chamada de coração humano, podemos chamá-la de espírito humano que Deus soprou apenas na humanidade. É a sede de nossa criatividade, nosso desejo de estabelecer alianças, família, de construir nações ou empresas e estruturas sociais, até mesmo universidades. Mas especialmente é a nossa moral - a pureza de nossos corações enquanto fazemos todas essas coisas. Esta é a essência da dignidade humana. Quando se diz que somos todos feitos à imagem de Deus, é a este aspecto espiritual da humanidade e como ela está entrelaçada em nossa fisicalidade que devemos nos conectar. E assim, nossa visão moral em relação à sexualidade importa porque a moralidade é um fator primordial na identidade humana que carrega a imagem de Deus. Se cobiçamos, objetificamos, abusamos, usamos ou descartamos os outros com base no prazer pessoal... isso reflete o quão longe caímos.
Estou dizendo tudo isso para que quando falarmos de assuntos de sexualidade, não estejamos dizendo apenas "faça apenas isto. Ou, não faça isso" ou mesmo "Jesus não diz nada sobre isso". Ao invés disso, estamos olhando para a postura necessária de coração para o tipo de compromisso relacional de Jesus.
E também, podemos ver que Jesus está criando algo em nosso meio, de modo que as promessas de redenção através do caminhar com Ele em Seus caminhos são para todos nós. As pessoas LGBT não são excluídas. Deus não é diabólico. Ele não criou algumas pessoas para a redenção e outras para a condenação. Não, a visão que Jesus apresenta através de Seus ensinamentos revela Sua intenção para toda a humanidade - uma intenção que todos nós estamos enfrentando por aqui cada vez que oramos "na terra como no céu".
Todos nós temos necessidades, mas estamos alcançando esta fidelidade redentora com Deus.
ENQUANTO VIZUALISAMOS ISTO, VAMOS REFLETIR SOBRE A ENCARNAÇÃO.
Um ponto importante, mas raramente mencionado na conversa em torno da sexualidade é o significado da encarnação. Ou seja, Jesus nasceu um homem. Ele veio em carne e nos apresenta o belo mistério da sinergia de Deus com nossa fisicalidade. Nossos corpos e a forma como eles se relacionam com nossa alma e espírito são milagrosos - suficientemente milagrosos para conter a divindade de Cristo.
Isto é incrivelmente significativo porque hoje em dia a identidade humana está sendo virtualizada. Quero dizer, estamos divorciando nosso caráter e nossa personalidade de sua conexão com nosso corpo. Isto, acredito, é um sucesso do movimento feminista. Há um século, o sexo frágil – se referindo às mulheres – sugestionava que a fraqueza física da mulher em comparação com os homens significava que ela também era intelectualmente mais fraca. Sou grata que o movimento feminista tenha avançado nossa compreensão do que as mulheres são capazes de fazer na cultura. Entretanto, está nos levando a supor que homens e mulheres são simplesmente intercambiáveis. Ou seja, não há diferença significativa entre homens e mulheres.
Basta se perguntar: qual é a diferença entre um homem e uma mulher? Normalmente tentamos encontrar respostas como: as mulheres são mais nutridoras ou os homens são protetores. Estas características, no entanto, são simplesmente baseadas em estereótipos. Eu conheço muitas mulheres corajosas e igualmente muitos homens de coração terno.
O QUE SIGNIFICA SER UM HOMEM OU UMA MULHER? SIGNIFICA QUE VOCÊ TEM UM CORPO FÍSICO MASCULINO OU FEMININO E QUE ISSO NECESSARIAMENTE INFORMA SUA EXPERIÊNCIA, PROPÓSITO E PAPEL NA VIDA EM MEIO A TODA A HUMANIDADE.
Nossa personalidade não pode ser separada da complexa química e fisicalidade de nossos corpos. Nossos processos de pensamento estão ligados ao nosso corpo físico. Não somos apenas vasos de barro nos quais reside um espírito. Confuso por isso? Basta perguntar a uma mulher que está na TPM como sua personalidade e pensamento se movem à medida que ela passa pela sua menstruação. Ou como os altos níveis de testosterona afetam a fúria masculina. Nosso DNA em trilhões de células em nosso corpo, cada célula nucleada em nosso corpo! reflete o nosso sexo biológico.
Indo mais além, a vagina de uma mulher não pode ser compreendida separada de seu complemento peniano masculino. Estes são necessariamente complementares. A sexualização de nossos corpos em negação desta realidade causa danos. Quanto mais fazemos isso, mais nos dissociamos de nosso corpo. Se eu me vestir com roupas masculinas, ou apresentar uma postura enérgica no relacionamento, ou trocar o óleo da minha motocicleta, eu nunca poderei ser masculina. Tudo isso são apenas estereótipos - minha percepção de como eu acredito que é um homem. Tudo o que eu faço é feminino. Um menino brincando com uma Barbie ainda é um menino.
A conversa em torno do casamento gay revela esta virtualização da qual estou falando.
Quando me perguntam qual é a diferença entre um casamento gay e um casamento de sexo oposto, devo sempre começar com a diferença física entre uma união gay e uma união heterossexual. Caso contrário, amor é amor. Os homens podem ser grandes nutridores e prestadores de cuidados. As mulheres podem ser grandes protetoras. Os casamentos gays oferecem grande segurança e até mesmo compromisso vitalício a muitas pessoas.
Mas, eles também estão submetendo o casal a uma vida inteira de incompletude sexual e danos físicos. Ou seja, as relações sexuais continuarão a incluir comportamentos que imitam atos sexuais de pessoas do sexo oposto. Uma vida inteira de relações sexuais anais prejudicará um corpo masculino. O ânus é frágil em comparação com a vagina, portanto, sua penetração dissemina doenças. Esta é uma razão pela qual, de acordo com o CDC, os homens que se identificam como gays têm taxas mais altas de doenças sexualmente transmissíveis. Os casais lésbicos devem recorrer a objetos externos sem vida. O uso de dildo por uma vida toda – pra ser mais claro – amor através de um plástico - é um substituto pobre, mesmo que exista uma profunda conexão emocional com o cônjuge lésbico. Sem mencionar os problemas de FIV fertilização in vitro, paternidade substituta, adoção, maior incidência de DST e depressão, e até mesmo uma vida mais curta.
Devemos olhar de volta para Romanos 1 agora mesmo em nossas mentes...
Portanto, estou falando tudo isto para dizer: Jesus redime o nosso espírito E o nosso corpo. Ele poderia simplesmente ter enviado o Espírito Santo. Ao invés disso, Ele veio como um homem. Ele superou as fraquezas de nossos corpos - não apenas a mente acima da matéria - embora a Torah, como já expliquei, proponha um caminho que muda a mente através das nossas ações e vice-versa. E isto abre o caminho para a presença do Espírito Santo em nossas vidas.
E assim Jesus fala claramente sobre o poder físico da luxúria, uma experiência complexa, que envolve o corpo inteiro, de um pensamento que produz uma resposta física, e exige que superemos isso através do poder de Sua graça trabalhando em nossos corpos físicos. E, como podemos ver, Ele fala muito seriamente sobre isso. Felizmente, Ele não é um legalista!
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno”. Mateus 5:27-30 ARA
Quando se trata do que se pode ou não fazer acerca do comportamento sexual no ensinamento de Jesus, há um tema abrangente: nunca, jamais devemos objetificar um ao outro. Ou seja, nunca devemos usar ou descartar a pessoa com quem nos relacionamos para fins de ganho pessoal, preferência pessoal ou conveniência. Jesus exige que tenhamos sempre um coração voltado para o exterior. Isso é, que priorizemos as outras pessoas em nossas vidas.
Jesus enfatiza ao extremo o valor da outra pessoa. Ele não usou os outros para satisfazer as Suas necessidades. Ao invés disso, Ele atendeu às necessidades dos outros. Ele entendeu que na luxúria, no adultério e no divórcio há vítimas. E Ele nos diz que nunca devemos ser o agressor dessas vítimas em nome da dignidade humana. Nosso amor deve sustentar aqueles que nos rodeiam porque fomos feitos à imagem de Deus. E assim, devemos amar o nosso próximo, que é a pessoa com quem nos relacionamos, como amamos a nós mesmos. Este amor que se doa, que prioriza e protege a dignidade humana é central em Seu ensinamento. O tipo de amor de que Jesus falou foi completamente auto-sacrificial, de uma forma fantástica e bela.
Um dos mais poderosos e importantes ensinamentos de Jesus sobre a nossa sexualidade e identidade sexual vem embalado dentro de Seu discurso sobre divórcio. Para Jesus, o casamento é o único contexto correto para o sexo e, por isso, no momento, vamos nos concentrar nesse ponto. Jesus tem muito a dizer sobre o sexo, mas vamos restringir nosso foco.
Jesus usa uma pergunta sobre o divórcio para nos dar um enorme download sobre o casamento. Mas, como se trata de uma pergunta sobre o divórcio, a maioria das pessoas o ignora. Sua mensagem sobre o casamento foi um ensinamento tão profundo e importante que todos os três evangelhos sinóticos o citam e ele pode ser traçado na perspectiva do Apóstolo sobre o casamento. Paulo, de fato, o cita em 1 Coríntios 7 e depois segue adiante com esta ética relacional da qual tenho falado. Este ensinamento foi primário. Foi significativo. E hoje ele está sendo marginalizado por muitas pessoas.
Vamos dar uma olhada:
“Vieram a ele alguns fariseus e o testavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo? Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, OS FEZ HOMEM E MULHER (Gen 1:27) e que disse: POR ESTA CAUSA DEIXARÁ O HOMEM PAI E MÃE E SE UNIRÁ A SUA MULHER, TORNANDO-SE OS DOIS UMA SÓ CARNE (Gen 2:24)? de modo que já não são mais dois, porém uma só carne. portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Replicaram-lhe: POR QUE MANDOU, ENTÃO, MOISÉS DAR CARTA DE DIVÓRCIO E REPUDIAR (Deut. 24)? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]. Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar. Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita. Mateus 19:3-12 ARA
O que Jesus está dizendo aqui?
Para começar, Jesus está explicando sobre o casamento e não apenas sobre o divórcio. Isto fica claro pela forma como Ele responde. O discurso rabínico exigiria que Ele respondesse de acordo com a passagem em questão, Deuteronômio 24. Ao invés disso, Ele se volta para Gênesis. Isto não é o que seus ouvintes estavam esperando.
Com relação à pergunta, Ele está expandindo o diálogo. Ao apontar para Gênesis, Jesus está esclarecendo mais do que as exigências de Deus para o divórcio. Ele está ampliando a conversa para incorporar a identidade do homem e da mulher, a natureza do relacionamento entre eles e o significado do próprio casamento. Aqui Jesus oferece um de seus ensinamentos mais provocativos. Todos que o escutam têm dificuldade em recebê-lo.
Dito de forma muito simples, Jesus está dizendo que todo sexo fora do casamento é proibido. Ele diz aqui que o sexo dentro do casamento tem um propósito maior do que a realização pessoal, portanto, nunca se deve divorciar. E assim, Jesus não permite um novo casamento, tornando o primeiro casamento a união essencial. Além disso, Jesus restringe o casamento a apenas um homem e uma mulher - ele é explícito sobre os dois sexos. A poligamia, que era legal naquela época, foi, portanto, rejeitada, proibida.
É absolutamente impossível que uma pessoa possa encaixar na perspectiva de Jesus qualquer tipo de sexo fora do casamento, que ele claramente viu como exclusivamente masculino/feminino. Sem uso de pornografia nem sexo durante o namoro - qualquer experiência de sexo por prazer passageiro. Ele não permite qualquer interação sexual que não se ancora em nossa realidade biológica, ou em união de aliança com responsabilidade de longo prazo.
Posso até imaginar o que todos vocês estão pensando agora. E quero que vocês saibam que provavelmente é muito semelhante ao que o público de Jesus estava pensando.
"Se a relação do homem com sua esposa é assim, é melhor não se casar".
Vamos fazer uma pausa aqui mesmo. Acho que podemos seguramente concordar que todos nós ficamos aquém disso. Todos nós podemos ter tido um momento de desvio sexual seja fisicamente ou em nossos corações. Neste ponto, quero que vocês se lembrem que o próprio Jesus estabelece a justiça para o nosso fracasso em representar Deus com exatidão. Vocês não estão condenados, Jesus pagou um preço para que pudéssemos ser livres para recomeçar e nos entregar de todo o coração a Sua visão do Reino. Ele tem um botão divino de apagar, mas não vamos abusar dele.
Portanto, antes de entrar em pânico, vamos dar uma olhada nisto.
A compreensão de Jesus sobre o casamento aqui está enraizada em uma noção de identidade humana que está fundamentada no relato de Gênesis sobre a criação. Digamos que Ele pode imaginar esse ato criativo. Acredito que, na realidade, Ele foi uma testemunha. Portanto, Sua afirmação realça o milagre do homem e da mulher juntos em parceria (lembrando o que eu disse sobre nossa complementaridade física).
Jesus vê como esta dupla reflete Deus, juntos, através de suas capacidades criativas - inclusive na concepção da própria vida. No pensamento de Jesus aqui, o homem e a mulher nesta realidade de gerar vida reflete o próprio caráter de Deus. Para proteger isto, Deus cria uma aliança que une estes dois indivíduos para toda a vida.
ESTA É UMA ALIANÇA QUE JESUS DIZ QUE NÃO PODE SER QUEBRADA. POR QUÊ? NÃO PODE SER QUEBRADA SE FOR PARA REPRESENTAR ADEQUADAMENTE O COMPROMISSO DE DEUS COM A HUMANIDADE.
Jesus não é um legalista, portanto é importante compreender o aspecto multidimensional deste ensino. Ele tem implicações tanto espirituais quanto práticas. Os ensinamentos de Jesus sempre aumentam as exigências da Torah, nunca as diminuem. E assim, por um lado Ele está oferecendo um ensinamento prático sobre como se deve valorizar o cônjuge que diz controversamente que nunca se deve divorciar e se houver divórcio, que nunca se case novamente.
Por um outro lado, Ele está dizendo, de forma profunda, que a maneira como você conduz sua vida sexual e seu casamento deve refletir o próprio Deus – o Seu caráter e o Seu ser. É aqui que é importante lembrar que Jesus está dizendo que a sexualidade humana nos aponta para a nossa identidade como portadores da imagem de Deus. O casamento, portanto, é um ícone, uma espécie de símbolo, que nos ajuda a entender melhor a vida de Deus e as Suas formas de relacionamento conosco.
Casamento e família são temas preponderantes na Bíblia. Vemos em todas as Escrituras o uso de imagens do casamento, assim como imagens de traição, divórcio e adultério para descrever a interação de Deus com a humanidade. Não temos que procurar a linguagem de Levíticos ou de Timóteo para acabar com argumentos que proíbem a sexualidade entre pessoas do mesmo sexo. Quantas genealogias existem na Bíblia? Quantos nascimentos milagrosos? Não há uniões gays celebradas e abençoadas, apenas descrições do poder transformador de Deus.
Reflita sobre todos os lugares da Escritura que a linguagem do casamento e da família é usada para apontar o relacionamento de Deus com a humanidade e Seus caminhos. Podemos começar com Adão e Eva, mas depois olhar para Abraão e a promessa de Isaque. Deus fala de si mesmo como intergeracional – o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, destacando o significado da genealogia para o povo de Israel... até chegar no próprio Jesus.
A circuncisão é um sinal desta aliança intergeracional/genético e, portanto, sexual, com Deus e com a família. Como veremos, Jesus abre a Torah para estender a promessa messiânica a todas as nações. A aliança de Jesus é uma questão do coração, uma circuncisão do coração, não uma aliança genética com um grupo étnico específico, uma circuncisão física.
E pelo livro do Apocalipse, vemos que somos a noiva imaculada de Cristo. O ícone, ou símbolo, do casamento encontra concretização final em nossa comunhão com Cristo.
E assim, a atividade do casamento cristão tem o objetivo de transmitir algo sobre Deus.
Ao considerar se devemos nos casar, o mais importante em nossas mentes deve ser se o casamento é a melhor maneira de glorificar a Deus. Não se o sexo será bom ou se esta é minha alma gêmea, porque o casamento é um compromisso relacional para toda a vida que requer grande sacrifício e atenção. Ele tem a exigência primordial de apontar as pessoas para a natureza de Deus através da forma como os cônjuges interagem juntos.
Voltando a esta passagem, Jesus está enfrentando uma injustiça que havia se normalizado em Seu contexto. Mais uma vez, Jesus está criticando nossa tendência de objetificar e usar as pessoas apenas para gratificação pessoal. Jesus odeia esta ideia. Para Jesus, devemos colocar os outros em primeiro lugar. Na cultura judaica daquela época só os homens podiam se divorciar, e um tipo de divórcio sem falhas para justificar era legal. As mulheres eram as principais vítimas do divórcio - e uma vez divorciadas, era difícil para elas viver. As mulheres estavam sendo jogadas fora pelos homens. Jesus está se unindo ao lado da pessoa mais fraca.
Jesus está dizendo que Deus criou homens e mulheres para estarem juntos em harmonia - o ideal do Éden. Ao apontar para o Éden, Jesus está dizendo que o casamento proporciona o ambiente no qual um homem e uma mulher podem ser plenamente conhecidos e mutuamente estimados por causa da segurança de sua aliança juntos diante de Deus.
E ao olhar para o Éden, o impecável Reino de Deus é destacado. Jesus está completando, em parceria conosco, a ordem dada a Adão para alinhar a Terra com Seu Reino. Tirando o caos e gerando ordem... através de nossos casamentos e de nossas famílias.
O CASAMENTO E A FAMÍLIA QUE ELE CRIA APONTA ÚNICA E PODEROSAMENTE PARA DEUS, SUA CRIAÇÃO E O ESTABELECIMENTO DE SEU REINO. JESUS ESTÁ FALANDO DE SEU PRÓPRIO COMPROMISSO CONOSCO E DE SEU VOTO DE FIDELIDADE PARA CONOSCO ETERNAMENTE.
Observe como Paulo lida com o ensinamento de Jesus:
“Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher”. 1 Coríntios 7:10-11 ARA
“Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja”. Efésios 5:31-32 ARA
A coisa mais importante sobre o casamento que eu quero passar par vocês hoje é como ele retrata de forma única Deus e como podemos restaurar seu valor para a nossa geração. Lembrem-se, meu foco é no conhecimento de Deus.
Então... mudando o foco...
O sexo é um direito? Vamos fazer uma pausa e refletir porque essa é certamente a mensagem predominante da cultura. Cada vez mais qualquer restrição à liberdade sexual é considerada prejudicial. Mas o sexo segundo a maneira de Jesus prioriza a autoestima, o cuidado com o outro e a responsabilidade em relação a seus impactos e consequências. A adequação da sexualidade moderna a esta estrutura exigirá que priorizemos poderosamente a visão que Jesus lança para um relacionamento correto e que nos inclinemos a desenvolver o tipo de integridade pessoal em que se pode oferecer a si mesmo como um presente a outra pessoa - em vez de recorrer à outra pessoa por necessidade pessoal ou para aliviar a dor.
ESTA GERAÇÃO DEVE DESENVOLVER UMA VISÃO DA NATUREZA SAGRADA DE NOSSOS CORPOS E COMO ELES SÃO VITAIS PARA NOSSA IDENTIDADE E NOSSA REPRESENTAÇÃO DE DEUS.
Estas passagens sobre Jesus podem ser usadas para ferir as pessoas, mas devem ser usadas para ganhar um senso de admiração e para se maravilha com o que a Sua redenção nos dá - o que Ele está nos dando que é muito necessário hoje - uma relação segura, estimada, duradoura e amorosa, na qual podemos explorar e desfrutar de nossa sexualidade. E devemos confiar que Ele está restaurando nossos corpos e trazendo a plenitude emocional para que ela possa ser estabelecida. Esta é a visão de seu reino para a qual Ele nos convida
Vamos falar um momento sobre a solteirice, pois é possível passar tempo demais se dedicando ao casamento como o foco da sexualidade. Usar o casamento entre homem e mulher como argumento contra os sentimentos LGBT pode ferir, porque o casamento bíblico parece tão fora de alcance. É correto dizer que o sexo é dado para a união matrimonial, mas esteja ciente de que muita coisa tem que acontecer na vida dessa pessoa para que isso seja uma boa notícia.
De volta à solteirice, Jesus nos introduz a noção de família espiritual em seus ensinamentos. Esta passagem de Mateus 19 nos dá uma visão de Sua própria solteirice. Ele é posto de lado para o reino. Uma eunuco - uma referência muito debatida.
A implicação aqui é que uma postura válida para os crentes é dar prioridade ao relacionamento com Deus em nome da família de Deus. Esta é a vocação do celibato da qual Paulo escreve, notadamente em 1 Cor. 7.
Paulo escreve:
“Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; (...) Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro. E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado”. 1 Coríntios 7:1, 7-9 ARA
Mas os solteiros entre nós hoje lutam para encontrar seu lugar dentro desta conversa sobre sexualidade. A maioria dos solteiros não são chamados à vocação do celibato, mas por qualquer razão são incapazes de se casar. Quero propor que a perspectiva de Jesus sobre a família, ou seja, a noção de família espiritual que Ele introduz é essencial para os solteiros que navegam na ética sexual. Jesus nunca se casou e teve discípulos "solteiros" ao seu redor, como João, Maria, Marta e Lázaro. Como Jesus, Paulo não era casado e encorajava outros a serem como ele. E assim podemos perceber que Jesus promoveu esta postura de absoluto compromisso e entrega a Deus.
E entenda, o sexo é sempre preservado para o casamento.
MAS JESUS ELEVOU ESTA POSTURA DE SOLTEIRICE A IMPLICAÇÕES ESPIRITUAIS. ELE ERA SOLTEIRO, MAS CRIOU A FAMÍLIA.
Enquanto Ele ainda falava para as multidões, eis que sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora, procurando falar com Ele. Mas Jesus respondeu àquele que lhe dizia: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? E estendendo Sua mão para seus discípulos, Ele disse: "Eis aqui": Minha mãe e Meus irmãos! Pois quem faz a vontade de Meu Pai que está nos céus, é Meu irmão, e irmã, e mãe". Mateus 12:46-50
Vemos esta imagem de família espiritual levada adiante por todos os Apóstolos. O movimento de implantação da igreja primitiva se reuniu em casas para formar a família de Deus, cheia de pais e mães, irmãos e irmãs. Este era um cenário onde a sexualidade de cada um podia ser sagrada, onde a comunidade se protegia mutuamente e preservava a dignidade um do outro. Foi a família que atravessou barreiras étnicas, gêneros, gerações e nacionalidades. Podia-se considerar o outro de uma etnia diferente como um irmão ou irmã - um compromisso próximo e vinculante através da construção da família. Ela cuidava de viúvas e órfãos. Esta noção de família unifica o corpo de Cristo. A solteirice como modelada por Jesus tem uma responsabilidade única para com o próprio Deus, de discipular e nutrir todo o corpo de Cristo e de encontrar uma comunhão segura dentro dele.
A noção moderna de família está perdendo definição, mas aqui entre todos nós ela deve se tornar viva e próspera.
A visão de Jesus sobre a segurança e a proteção na comunhão é o padrão de Deus para a família, o caminho de Seu reino guiou os antigos valores familiares de Israel, nos quais a família era a principal fonte de identidade pessoal. Quando Jesus estava vivo, a família era a fonte de significado e identidade de cada um. Portanto, podemos ver quão provocador é o Seu ensinamento. Entenda que Ele deseja que a família de Deus tenha laços e compromissos uns com os outros que são tão vinculantes quanto nossas relações genéticas/biológicas por causa do pacto de Cristo feito através de Seu próprio sangue.
Portanto, para concluir, deixe-me recapitular. Há muita coisa que eu disse que todos vocês sabem. Mas estes são os pontos-chave com os quais eu gostaria que vocês gravassem:
1. A maior crise hoje é a falta de conhecimento de Deus... e isso se torna mais evidente quanto mais caótica se torna a cultura sexual. Recuperar a compreensão do sentido dos caminhos de Deus é vital para restaurar o conhecimento de Deus.
2. Jesus aborda os problemas da sexualidade que estamos enfrentando hoje e não precisamos ir além dos evangelhos para estabelecer uma ética sexual sólida para as pessoas. Na verdade, recomendo isso juntamente com a ênfase de que fazer o contrário descarta a autoridade divina de Jesus.
3. O ensino de Jesus sobre ética sexual estabelece um padrão muito, muito alto de cuidados um para com o outro. Ele não torna os padrões de relacionamento mais indulgentes, Ele os torna mais rigorosos, pois sabemos que há um grande sentido em nossa sexualidade.
4. Podemos fazer argumentos legais naturais, como o comportamento sexual de pessoas do mesmo sexo é fisicamente prejudicial. Entretanto, também devemos ser capazes de dizer que o casamento entre pessoas do sexo oposto é correto simplesmente porque isto é o que Jesus ensinou e Jesus é Deus.
5. E, finalmente, a primeira Igreja – I maiúsculo - prosperou no meio de culturas que promoveram uma grande liberdade sexual. Por quê? Acredito que ela ofereceu verdadeira liberdade, isto é, liberdade da objetificação, e, para usar uma linguagem de hoje, liberdade das relações a favor do sexo liberal que ofereciam gratificação física sem a confiança da aliança. A Igreja nunca terá autoridade contra o caos sexual em nossa cultura até que ela viva a própria ética sexual de Jesus. Podemos estabelecer um ambiente saudável, restaurando nossa compreensão da família e como ela se aplica à proteção da dignidade do próximo e, portanto, de sua sexualidade. Ou seja, devemos nos apoiar no Grande Mandamento e amar como Jesus amou.