Administrando Conflitos Saudáveis Dentro da Sua Equipe
“Isto não está funcionando! Estou muito frustrada! É impossível trabalhar com ela, uma vez que ela não valoriza as minhas opiniões. Será que você pode colocar uma de nós no comando do projeto para que possamos então tomar uma decisão e terminar com isso?”
Amy, uma das pessoas que se reportam diretamente para mim, veio até mim com essa reclamação assim que retornei das minhas férias de duas semanas. Antes de eu sair, eu dei a ela e a outra pessoa que também se reporta diretamente para mim, Justine, uma tarefa para trabalharem juntas e concluírem um projeto. Contudo, ao voltar, eu descubro que o projeto - que precisava ter sido entregue no prazo - estava completamente atrasado devido ao total desentendimento entre as duas - que mal estavam se falando.
Logo após falar com a Amy, Justine veio até mim para expressar sua frustração em relação a Amy e para me pedir para criar uma hierarquia, isto é, colocar uma das duas como chefe da outra para que elas pudessem concluir o objetivo do projeto.
Sentindo a oportunidade do momento, eu respondi: “Vamos ver se conseguimos resolver isso relacionalmente ao invés de criar uma estrutura hierárquica que criará um cenário de vencedor/perdedor. Eu quero ver se conseguimos achar um cenário com vencedor/vencedor. O objetivo não é resolver um conflito através de hierarquia.”
CRIANDO UM LUGAR SEGURO PARA CONFLITO SAUDÁVEL
Como líder, eu sei que uma das chaves para se criar uma cultura saudável em sua equipe é cultivar a habilidade de administrar conflitos produtivos que mantenham a conexão apesar do desentendimento. O conflito mostra que existe um nível de confiança dentro da equipe a ponto de cada membro poder trazer a verdade à mesa. A ausência de conflito, por outro lado, geralmente é um sinal de falta de confiança dentro da equipe.
Conflito é algo saudável e produtivo em um ambiente em que os membros da equipe são livres para discordar, discutir diferenças, dividir opiniões e desafiar uns aos outros a considerar diferentes perspectivas em assuntos que são importantes para eles -- sem deixar que isso seja levado para o lado pessoal. É importante que os membros da equipe compreendam que quando alguém discorda deles, isso não significa que eles não gostem, não valorizem ou não confiem neles.
Entretanto, a maioria das pessoas tem medo de conflito e não aprenderam ou praticaram as habilidades para administrar um conflito construtivo. Quando membros da equipe sentem-se desconfortáveis com conflitos e não abrem espaço à vulnerabilidade e honestidade, eles vão sempre procurar meios de evitar tais conflitos, o que - em último caso - levará a uma cultura destrutiva para dentro da equipe.
Geralmente quando membros da equipe não resolvem suas diferenças uns com os outros, eles canalizam sua dificuldade para alguma outra pessoa do grupo, o que fecha as portas para a franqueza e abre-as para a divisão. Como na história acima, quando os membros da equipe se retiram após um desacordo, ao invés de se mover em direção a um comum acordo e conexão, eles vão rapidamente e facilmente chegar a conclusões negativas que soam como verdade.
CRIANDO UM CAMINHO PARA O ESCLARECIMENTO
Neste cenário, Amy acreditava que Justine era muito rígida e fechada para qualquer ideia sua. Justine sentia-se frustrada com Amy, pois ela ignorava aquilo que lhe incomodava, o que a levou a crer que ela não era valorizada no processo.
Nos dois casos, uma vez que elas acreditaram que a outra era o problema, ambas pararam de ouvir ou valorizar os pensamentos, as opiniões e as necessidades da outra parte, e o objetivo de trabalhar juntas transformou-se em uma batalha de quem ganhava aquilo que queria, independente do que a outra pensava. Cada uma delas apresentou a sua versão do porquê elas estavam certas em seguir do seu modo no projeto, esperando que eu endossasse tal lado.
Eu imediatamente organizei uma reunião para nós três sentarmos juntos. Eu expliquei que o objetivo da reunião era ver se podíamos trabalhar através daquele desentendimento relacional, encontrar um lugar de comum acordo e ajudar os dois lados a obter aquilo que cada uma seria capaz de trabalhar e fazer para que o projeto pudesse voltar aos trilhos.
Eu as convidei a serem honestas uma com a outra, mas de uma forma saudável. Elas só poderiam falar apenas sobre si mesmas e sobre o que cada uma estava experimentando, sentindo e precisando. Elas não poderiam usar frases acusatórias contra a outra, tal como, “Você não está aberta às minhas ideias.” Eu não me envolveria a menos que eu precisasse lembrá-las das regras daquela conversa.
Justine aceitou, a princípio, a ir primeiro. “Eu realmente estou preocupada em ter algumas dificuldades legais em torno do que estamos tentando fazer no projeto,” ela disse. “Eu sei que é pouco provável isso acontecer, mas integridade é algo muito importante para mim. Eu quero me sentir completamente bem sobre a questão. Quando eu trouxe as minhas opiniões, senti-me colocada de lado o que, em minha perspectiva, me fez sentir que eu estava sendo desvalorizada. Isso fez com que houvesse uma grande dificuldade em ouvir qualquer uma das suas ideias.”
Amy respondeu em seguinte. À medida que a conversa entre as duas mulheres foi se desenrolando, houve muitas pausas para que elas procurassem as palavras para expressarem seus sentimentos ou então reformularem algo que começaria com algo como, “Você não se importou”. Sempre que uma frase com “você” começasse a surgir, silenciosamente eu levantava as minhas mãos como um sinal do que estava acontecendo e elas, então, paravam e reconsideravam suas falas.
Em dado momento, Amy virou para mim e disse, “Wow, é extremamente difícil falar apenas sobre mim!”
Entretanto, à medida que Amy e Justine conseguiam - finalmente - expressar o seu “Eu me senti ignorada”, “Eu não me senti ouvida”, “Eu me senti desvalorizada”, foi divertido ver a compreensão entrar na sala. No final, elas deram uma à outra um natural e verdadeiro pedido de desculpa, sem nenhuma assistência necessária. Ambas se deram conta que elas estavam tão focadas em ter os seus desejos realizados que elas não perceberam que a outra estava sendo afetada com isso.
“Eu sinto muito que você tenha convivido comigo dessa maneira”, Justine disse. “Eu realmente quero que você se sinta valorizada quando você trabalhar comigo.”
“Eu sinto muito por você ter se sentido ignorada”, Amy respondeu. “Essa nunca foi a minha intenção.”
A BELEZA DA RESOLUÇÃO
Logo em seguida, eu pude perguntar, “O que cada uma precisava da outra para continuar trabalhando juntas e finalizarem esse projeto?”.
Com Amy e Justine verbalizando suas necessidades com o entendimento que - agora - elas tinham obtido, ambas se comprometeram em ajustar-se para a outra parte sentir-se ouvida e valorizada no processo. Amy concordou em olhar mais de perto a questão legal que Justine havia levantado e Justine concordou em ouvir e pensar sobre as novas ideias de Amy sem, imediatamente, apontar as fraquezas nelas - assim, fazendo-a se sentir convidada a estar no projeto e manter-se animada com ele.
Amy e Justine deixaram a reunião animadas, com a perspectiva que agora, elas tinham uma da outra, em como havia sido fácil trabalhar através das suas diferenças, e em quão rápido os seus corações se abriram uma para a outra. Elas também expressaram entusiasmo em trabalharem suas diferenças.
Como líder, estes momentos para os quais eu vivo. Eu quero que a minha equipe experiente a beleza, o poder, a eficiência e o impacto que acontece quando eles colocam de lado o medo de ser vulnerável e adentram o outro lado - sentindo-se compreendidos, valorizadas e acreditados. Eu também quero proteger a minha equipe e a organização de conflitos não resolvidos, pois estes corroem a confiança e a produtividade.
Líderes, confiar em nossas equipes é o nosso acessório mais valioso, e essa é a razão pela qual devemos incentivar a nossa equipe a praticar conflitos saudáveis. Eu encorajo você a ser vigilante quanto às interações entre os membros do seu time e ajudá-los a mover-se em direção um do outro, quando eles quiserem o contrário. Assim, quando lideramos com coragem e lutamos por verdade e conexão, a nossa equipe nos seguirá!
Danny Silk serves on the Senior Leadership Team of both Bethel Church in Redding, CA and Jesus Culture in Sacramento, CA. He is the President and Co-Founder of Loving on Purpose a ministry to families and communities worldwide. Danny is also the author of four books: Culture of Honor, Loving our Kids on Purpose, Powerful and Free and the top-selling Keep Your Love On. Danny and Sheri married in 1984, and have three children and three grandchildren.
WEBSITE: https://lovingonpurpose.com/